Corveta NRP Afonso Cerqueira
(© Volker Hilbrich)
A antiga Corveta da Marinha Portuguesa, NRP Afonso Cerqueira (F488), foi afundado a 4 de setembro de 2018 a Este do Parque Natural Marinho do Cabo Girão, posicionando-se agora como recife artificial entre os 24 e 32 metros de profundidade com as coordenadas: 32.64680N 16.98986W na proa, a meio da embarcação 32.64702N 16.98946W e, 32.64723N 16.98908W na popa.
Esta operação tem como objetivos atrair/criar vida marinha de todos os tipos, potenciar várias atividades com relevância socioeconómica, designadamente, através do incremento de recursos piscícolas, do aumento da biodiversidade, no desenvolvimento da atividade do turismo subaquático e, atenuar impactos negativos sofridos nos ecossistemas marinhos costeiros da ilha da Madeira. Trata-se de um projeto pioneiro, visto ser o primeiro projeto de monitorização de um recife artificial que engloba um momento de estudo anterior ao afundamento, podendo assim avaliar o impacto completo das corvetas no sistema marinho.
Embora recente, a operação já é considerada um sucesso. No primeiro ano, foram registados mais de mil mergulhos recreativos e um parecer positivo nos trabalhos de monitorização do seu impacto neste ecossistema. Segundo a equipa de investigação, o mais recente naufrágio no arquipélago da Madeira, está a recriar características existentes nos recifes naturais, albergando diversidade ictiológica que pode ser equiparada aos habitats naturais. É expetável que esta diversidade aumente ao longo do tempo, sobretudo à medida que ocorre colonização de flora e fauna sésseis que, à medida que cresce e diversifica-se, fornece uma base biológica para atrair novas espécies, “nursery” (berçário) e potenciais presas para a ictiofauna (estudos de monitorização – investigadores Claúdia Ribeiro e Pedro Neves (2020)).
Segundo o Edital N. º10/2018 da Capitania do Porto do Funchal4, de modo a garantir o desenvolvimento da vida marinha no recife, está imposto a interdição de atividade antrópicas que possam influenciar negativamente tal progresso, num raio de 200 metros em volta do recife artificial.
Uma Corveta de Memórias
(© AIG)
Após meses de patrulhamento em Timor Leste, durante a invasão Indonésia, a corveta portuguesa regressou a “casa” numa volta ao Mundo de mais de 20 mil Km pelo Índico e Pacífico. Emocionou as comunidades portuguesas no Havai e Califórnia, atravessou o canal do Panamá, fez paragens na Austrália, Japão, Havai, Califórnia, Panamá e Venezuela e na bagagem trouxe a tripulação muitas histórias para contar.
Durante 40 anos navegou as águas do Mediterrâneo e Atlântico, tendo participado em missões de vigilância e salvamento nos Açores, na Madeira e na Zona Económica Exclusiva Portuguesa, em exercícios navais de âmbito nacional e internacional e realizou viagens de instrução com escalas em portos europeus e americanos. A sua vida operacional terminou a 11 de março de 2015 1,2.
Notas de rodapé
1 SIC. (2019). O afundamento do navio corveta Afonso Cerqueira. Aqui Há História. Disponível em: https://sicnoticias.pt/programas/aquihahistoria/2019-07-30-O-afundamento-do-navio-Corveta-Afonso-Cerqueira.
2 Marinha Portuguesa. (2020). Efeméride. Corveta NRP Afonso Cerqueira Aumentada ao efetivo da armada. Disponível em: https://ccm.marinha.pt/pt/museumarinha_web/multimedia_web/Paginas/efemeride-corveta-nrp-afonso-cerqueira-aumentada-ao-efetivo-2020.aspx.
3 Neves, Pedro e Ribeiro, Cláudia. (2019). Resultados do programa de monitorização dos recifes artificiais CORDECA e CORDEIRA. CIIMAR-Madeira. 69pp.
4 Edital N.º 10/2018. Capitania do Porto do Funchal. Autoridade Marítima Nacional.